Deixem-me lhes contar uma coisa.
Durante a minha infância, eu tinha muito medo do livro de Apocalipse.
Quando ouvia a leitura da Besta, dos chifres, dos castiçais.... Ai que medo!!
No meio cristão, todo mundo se metia a entender, colocando-se no pedestal
de “mestres no assunto”, cada um pregava uma versão mais assustadora que outra.
Eu vivia esperando o mundo acabar, e achando que até o simples escrever “ 666” era perigoso!
Do modo que era colocado, realmente deixava qualquer criança apavorada!
Mais que Teletubbies (parêntesis total: aff! Nunca houve nada tão esquisito na
TV!!!! Risos)
Voltando:
Bom... Eu cresci. E devo dizer,
com certo constrangimento, que faz pouco tempo (comparativamente falando) que joguei
fora as interpretações aprendidas e simplesmente reaprendi a ler e ouvir o
livro de Apocalipse restringindo-me a dizer “Uau!”.
Sabem de uma coisa? Hoje, Apocalipse me fascina! Mesmo não conseguindo
decifrar toda a riqueza dos seus símbolos, fico sobrenaturalmente tocada pela “vibe”
da narrativa! É então que percebo que alguma coisa dentro de mim – que parece
dizer a respeito de quem eu sou, de onde venho e para onde vou – se reconhece,
e se emociona.
Pode até ser a “maior brisa”, mas é tão empírico quando sinto que, para
mim, é espiritualmente real.
Sem medo, e sem qualquer pretensão intelectual de entendimento, eu sigo
dizendo UAU! Porque, neste caso, deter-se
a um entendimento fiel e único é
como olhar um Van Gogh e tentar descobrir a marca da tinta e o tamanho do
pincel que ele usava! Mesmo que você pesquisasse a respeito, desperdiçaria um
tempo precioso de simples contemplação e encantamento.
Aliás, às vezes, contemplação é tudo.
"A contemplação são os olhos da Alma" (Jacques Bossuet)