segunda-feira, abril 13, 2015

Não adianta!



“Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.”  1 Coríntios 13:12

Não adianta.
Por mais que nos esforcemos, por mais conhecimento que venhamos  a adquirir, não conseguiremos, neste corpo corruptível, atingir todo o potencial do propósito divino, sobrenatural e transcendente que tanto nos fascina,  incomoda, intriga, desafia,  e que de fato nos faz falta, pois é o nosso ponto de partida e também o nosso destino – por enquanto - invisível.

Não adianta.
A mente humana foi  projetada para o infinito, mas nossos olhos  (sei lá porquê) desde o princípio, se seduziram com o exterior e desenvolveram uma tendência de serem impactados de fora pra dentro. 
A beleza da criação era uma expressão da glória do Criador, mas o homem não contemplou, ele viu, se influenciou, e, por meio do fruto do conhecimento natural, passou a formatar sua imaginação a partir dos seus sentidos não abstratos; e é então, penso eu, quando o sobrenatural começa a se esvaziar de dentro da criatura. O sopro mágico e transcendente da vida original se mistura com as primeiras poluições visuais, sonoras, e com tudo de sensorial que o corpo conhece. Troca-se o encantamento pelo conhecimento, e, assim, sem perceber, perdemos o caminho de casa. A vida está fadada a ser uma peregrinação.

Não adianta.
Eu interpreto, tu interpretas, ele interpreta, mas parece que, por um bom tempo, ainda veremos em parte (como bem parafraseou Renato Russo!) - como em um espelho.  E olha que, na época em que provavelmente foi escrito o texto original, espelho não era essa maravilha de que nossos olhos tanto dependem hoje em dia! Eram objetos que reproduziam imagens turvas,  desfocadas... Acho que esta era, portanto, a analogia do texto: o que conhecemos está desfocados, como num enigma...

Um Parêntesis:
Isto me lembra uma história curiosa sobre uma poesia musicada do Djavan: Flor de Lis. Por sinal, belíssima!
Bom, a história contada e praticamente consagrada desta música, especificamente  relacionada ao trecho:  “E foi assim que eu vi nosso amor na poeira, poeira, morto na beleza fria de Maria. E o meu jardim da vida ressecou, morreu, do pé que brotou Maria, nem margarida nasceu” é um boato “sólido” de que a esposa dele (Maria) estaria grávida de uma menina (Margarida) e teria morrido no parto. Por isso teria feito esta canção.
Assisti uma entrevista com o Djavan, onde ele dizia achar muito curioso como surgiu tal interpretação, pois quando ele escreveu esta letra, em sua mente, não  tinha nada a ver com isso, e que este incidente sequer ocorreu em sua vida!!!
Pois é.... Costumeiro é inevitável desfoque da percepção limitada e influenciável  de todos nós!
Agora, imaginemos: Se sobre Djavan, “gente como a gente”, contemporâneo, naturalmente acessível,  nós já criamos história que não existe e não atingimos a essência de sua criação poética...que dirá com o universo (natural e sobrenatural), tamanha obra prima da criação!!!!

De novo: Não adianta!
É só o amor que conhece o que é verdade”. Mas há muito que nós perdemos o caminho de casa. :(
E agora só a fé não formatada poderá nos mostrar , em meio a catarses e  intempéries da vida, para onde olhar, o que ouvir e “reconhecer” como vínculo de perfeição. Só assim, então, seremos capazes de ver face a face. Só o amor. 
Não adianta.



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