quinta-feira, abril 09, 2009

Como um bom vinho...

"Naquilo que escrevemos surge o nível do nosso preenchimento, da nossa profundidade, da nossa capacidade de matar a sede do mundo. O texto é a confissão do nosso grau de maturidade. Na medida em que assimilei tudo o que vi e vivi, escrever é abrir as comportas.
Confidenciar-me em público. Ou, como dizia o poeta Mário Quintana, numa entrevista:
'Eu nunca escrevi uma vírgula que não fosse confessional
'".
(Gabriel Perissé)


Estou envelhecendo. Sinto isto. Não são raras as situações, nem pouco freqüentes os incômodos e as reflexões pessoais que me levam a esta constatação. O que ameniza o meu pavor é pensar que envelhecer pode significar muitas coisas, algumas delas até bastante positivas, como, por exemplo, um amadurecimento natural que traz (ou pelo menos deveria trazer) certo equilíbrio à vida. Pensando assim, vejo o futuro com motivação. O problema está no que me tem feito sentir assim, envelhecendo...

O que faz com que eu não me sinta mais jovem?

Obviamente o famoso “efeito da gravidade” e as evidências do passar dos anos são marcantes. Sinceramente, isto não me apavora. Talvez incomode, mas não me rouba a paz, nem inverte minhas prioridades de vida. Mas não é o simples passar dos anos e a profundidade de meus sulcos faciais que me envelhecem, e sim o que eu estou ou não fazendo enquanto o tempo está passando. O tempo marca meu corpo, meu rosto... E eu? Marco o quê? Ou quem?

Algumas coisas são pesadas para mim...
A impossibilidade de poder dizer sempre tudo o que penso, por exemplo. Embora alguns mais próximos, que há muito me conhecem, possam se surpreender - justo eu, aparentemente tão ousada! O amadurecimento me trouxe mais “tolerância”, contudo, praticar esta tolerância com quem não merece me frustra, e acho que me envelhece um pouco...
Estou numa fase onde, como disse Brennan Manning, em seu livro “O Impostor que Habita em Mim”: “A questão não é se sou introvertido ou extrovertido, de sangue quente ou de personalidade submissa. A questão é se expresso ou reprimo meus sentimentos genuínos”. Esta tem sido a questão.

Minha impotência face algumas circunstâncias que envolvem a vida de gente querida, minha vontade de mudar o que me rodeia, minha incapacidade de delegar as ações que não são de minha “conta”, e por aí vai...
O modus operandis que alguns adotam em suas vidas também me faz parecer careta. A “coisificação da vida” que, na definição do Pr. Ed René Kivitz, seria “quando nos sentimos ‘alguém’ em razão das coisas que temos, ou quando as pessoas nos julgam ‘ser alguém’ em razão das coisas que temos”, isto tem me afligido, me incomodado. Tenho que me controlar para não tornar-me indelicada, polêmica, anti-social, “velha”, de repente.
As medidas da aparência e os relacionamentos por interesse decididamente têm desgastado certa dose de minha paciência. A competição e o consumismo exagerado não podem ditar quem sou, e não deveriam falar sobre ninguém. Não gosto de ser julgada, nem gosto de “perceber-me” julgando outros, influenciada por estes parâmetros. Eu sou quem sou pela graça de Deus, tendo muito, tendo pouco ou tendo nada!

É claro que toda esta constatação, este inevitável processo de amadurecimento não tem me feito bem todos os dias. Por isso tenho buscado envelhecer com “graça”. Ando pensando sobre isto...

Novamente Ed René Kivits: ''administrar o estado de espírito momento após momento, para viver plenamente aqui e agora é, ao mesmo tempo, o ônus e o privilégio do direito e dádiva da vida'' (em Vivendo com Propósito).
Isso tem um sentido muito verdadeiro. É um privilégio podermos nos sentir vivos, refletindo sobre o mundo, participando ativamente de manifestações, transformações, etc. É igualmente, para mim, um privilégio poder escrever este texto agora, mas é também uma enorme responsabilidade com todas as suas conseqüências pessoais, com todas as dores de cabeça, desgastes físicos e emocionais, aborrecimentos e frustrações, mesmo que em meio a algumas grandes vitórias. Passar por tudo isso e envelhecer com graça é um privilégio, mas tem um ônus pessoal expressivo.

Outra consideração que tem feito sentido pra mim é a de que para experimentar a profundidade da vida com uma sensação de espiritualidade mais intensa, eu não preciso deixar tudo de lado e olhar apenas para Deus; ao contrário, não posso deixar nenhum aspecto do que me cerca fora da interação com Deus. Devo olhar não exatamente para Deus, mas para todas as coisas a partir de Deus. É aquele ditado conhecido: “não diga para Deus que você tem um grande problema, diga para o problema que você tem um grande Deus”. É mais ou menos isso, só que de modo abrangente, e também fora do que vem a ser “só problema”, mas também vitórias, alegrias, lazer, etc. Em todas estas situações, haverá sempre um grande Deus em nosso universo pessoal, e é a partir d’Ele que nos movemos e existimos., quer crianças, quer jovens, quer “maduros”. A diferença, e o mágico, é que, maduros, conseguimos perceber este privilégio, e viver realmente mais consciente dele.

Assim, reconheço que tudo o que tenho e tudo o que sou não é mérito meu. Tenho sido diariamente agraciada com vida, saúde, disposição, recursos (de um modo ou de outro, sempre aparece uma luz no fim do túnel de um dia atarefado e cheio de desafios pessoais); por isso tudo o que tenho tido é graça, é favor imerecido, é dádiva. Por maior que seja meu esforço pessoal, por mais que eu contribua com toda capacidade que tenho, hei de alegrar-me sim com a remuneração do meu trabalho, mas preciso entender que eu semeio, mas é Deus que faz crescer e me dá a oportunidade da colheita. E nisto está o meu louvor.
Por isso, não devo, e não posso dar as mãos aos que se vangloriam do que são pelo que têm e assim julgam e definem suas relações. Tenho que me alegrar com os que se alegram, e chorar com os que choram, genuinamente falando, do modo mais claro e prático que eu conseguir, e não devo escolher com quem chorar ou sorrir. Meus relacionamentos, mais do que nunca, merecem ser o reflexo do meu amadurecimento. Quem estiver ao meu lado no caminho, e o que eu possuir, será parte dos meus valores, será parceiro de alegrias e dissabores, será amigo de fé e irmão camarada. Meus relacionamentos e minhas posses têm que ser parte da minha coerência de vida. Se é assim que penso, é assim que faço, e é isso só que tenho.

Queria compartilhar apenas mais dois pensamentos que têm calçado os meus pés enquanto caminho envelhecendo.
Ouvi o Pr. Ricardo Gondin dizer em uma de suas reflexões: “devemos transformar o passado em materia-prima para construçåo de um futuro seguro e de paz, sabendo que Deus é nosso parceiro na jornada de construção da nossa historia de vida.”; e o outro é: “o que não é meu, eu não quero, pois aquilo que não é meu, nunca encherá o meu coração”. (Ed René Kivitz)

Assim, sigo envelhecendo, ou, como dizem os de língua inglesa: “getting old”, sigo ficando antiga.

Deus nos abençoe.

domingo, abril 05, 2009

A Insustentável Leveza do Meu Ser



Andei por aí levitando em sonhos e castelos
Presos por um fio amarrado às estrelas.
Passei por muitos ventos, projetei-me em muitas telas,
Parei algumas vezes, pousei em prados belos.

No tempo em que pousei, em mim trazia um peso
Por não estar feliz, e em dor o peito ardia,
Só quando levitava, nos sonhos, por inteiro,
Sentia-me segura, voando em poesia.

Se são ou não felizes os que na vida pesam,
Se sempre esteve leve a alma dos poetas...
Tais forças os conduzem
Tal vida que se leva...

O céu é o limite
E não se finda o elo,
Sou pássaro pesado,
Mas vôo quando quero!

quinta-feira, abril 02, 2009

Sobre um dos Sete Pecados Capitais: LUXÚRIA


(Com base na pregação
do PR. Ed René Kivitz – neste link
http://www.ibab.com.br/mensagens.html )


Ousado? Eu diria transparente, verdadeiro.
É o que ele pensa, com base no conhecimento, visão e experiências que têm tido como estudioso e pastor. Fora, obviamente ( e eu creio nisso), da liberdade que o Espírito Santo a ele tem outorgado para assim o fazer!
Eu achei bárbaro! Chorei de tão emocionada que fiquei! Não acreditei que pudesse estar ouvindo isso! Pode parecer exagero, mas, finalmente ouvir um líder cristão, manifestar-se de modo tão responsável, inspirado e, ao mesmo tempo, transparente, é como ver um homem negro chegar a presidência dos EUA! Foi quase como se eu fosse negra, e esperasse a vida inteira para assistir isso acontecer!

Tenho uma experiência de vida um tanto marcante no que tange a estas questões religiosas, além de muita repressão e máscaras - não minhas, mas de líderes e de gente medrosa e mentirosa.
Enfrentei e venci sozinha muitos obstáculos da minha vida. Meu coração sempre foi aquecido de modo bastante solitário, humanamente falando, por conforto e certezas gerados em minhas próprias reflexões, leituras, orações, e pelo amor inexplicável deste Deus que habita o sobrenatural, no misterioso universo divino, e que, misericordiosamente, entrou e fez morada também em meu pobre e não merecedor coração! Um Deus que eu tenho tido o privilégio de perceber e experimentar de modo muito pessoal e especial.
Quando me dei conta de que o Pastor Ed René (http://outraespiritualidade.blogspot.com/ ) estava ali, falando coisas que eu já pensei, considerei e até usei para confortar o coração de algumas pessoas aflitas... Ah! Foi indescritível! Muito emocionante mesmo!

Bem, de certo modo (tirando as riquezas de interpretação e a abrangência pastoral), eu sentia do mesmo modo, como o Ed fala. Foi pensando assim que eu vim melhorando minha vida, alinhando meus caminhos e respondendo às muitas questões que me chegam de gente (adolescente, adultos, etc) aflita com suas crises relacionadas a descoberta ou realização de prazer, medo, culpa, e vontade de agradar a Deus. É um conflito que faz muita gente boa sofrer, sem ter onde buscar respostas que consolem e, ao mesmo tempo, eduquem, edifiquem. Ah! Vocês não imaginam como é, para mim, poder ajudar estas pessoas! Sempre retomo o meu passado, e penso como teria sido menos doloroso se alguém tivesse me trazido orientação desse nível de transparência e valor. Mas também considero a possibilidade de Deus ter permitido (não sei...) que eu ultrapassasse este túnel de experiências amargas ilesa e pronta para influenciar pessoas e consolar seus corações, porque é, de verdade, a sensação que tenho quando falo aos que, em lágrimas, às vezes, me procuram.

Em nossas famílias, muitos já estiveram, outros estão ou, como eu, estarão, diante da cobrança dos filhos e filhas por um posicionamento a respeito. E o meu receio sempre foi este mesmo. Não quero para os meus filhos o que eu tive! Eu quero vê-los felizes, resolvidos, em paz, compartilhando tranquilamente com o Deus que crêem os caminhos (todos) de suas vidas! Sem máscaras, sem culpas, mas também com medida, responsabilidade e desenvolvimento de suas fases de vida no tempo certo.

Ao Pastor Ed René, minha oração contínua das mais ricas e poderosas bênçãos de Deus sobre sua vida e família.
Aos que lêem esta pequena porção do meu pensamento, também minha oração para que Deus abençoe a todos, abrindo mentes e corações sinceros para adorá-lo em tudo, com vida em abundância de fé, alegria, trabalho, prazer, dever, etc.
Se puderem, dediquem um tempo para ouvir esta mensagem.

A ELE, toda honra e todo louvor! Amém!

Envelhecer é diferente de apodrecer

Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem? (Confúcio) Eu, com certeza, seria velha, em qualquer momento. Devo ter na...