Hoje, assisti dois filmes, com
enfoques diferentes, mas dentro de uma mesma temática: vida, sofrimento, morte, fé e eternidade.
Não classificaria nenhum dos dois
com cinco estrelas, mas serviu para, no meu tempo livre, refletir sobre esta
inevitável “agonia” de todos nós. Quanto mais ”madura” fico, mais dedico tempo para reflexões do gênero. Fato. Mas também percebo que fico mais flexível. Isso deve ser bom...
Ateus, agnósticos, beatos, consolados,
esclarecidos, enfim, ninguém pode afirmar-se 100% dono da verdade (tudo bem que alguns
estão quilômetros de distância da razoabilidade de uma, mas não vem ao caso.)
Aqui, não me refiro a fé pura, simples e profunda, que eu projeto inclusive (e principalmente) nas
minhas dúvidas, e que me traz paz que excede o entendimento restrito humano.
Refiro-me a tudo que a temática religiosa envolve.
Resistir ao desconhecido, numa vã
tentativa de negá-lo, ou rotular-se como dono de todas as respostas, da revelação sobre todos os mistérios e toda
ciência, mostrando-se sábio aos nossos
próprios olhos, faz de nós solos compactados, sem porosidade, que só servem para ser cimentado.
O reconhecimento ou constatação
de nossa insignificante proporção diante
da grandeza da vida não nos impede de grandes feitos, pelo contrário, nos deixa
leves, como um solo arado, exposto aos raios do sol, sensíveis aos nutrientes ,
e férteis para a semeadura. Não deveria haver terra árida ao nosso redor, se
fizéssemos jus ao propósito da vida.
Os grandes filósofos que tanto
questionaram a existência serviram mais
de adubo para a humanidade e para sua transcendência que qualquer radical desnutrido
- quer se auto proclamassem do lado de
Deus (do bem) ou de qualquer outro lado.
As grandes questões sobre a
vida perderam algumas bandeiras e mitos,
mas na verdade ainda não findaram, e nem mudaram o seu foco. O posicionamento do homem diante delas talvez. Sempre teremos grandes perguntas, e pequenas -
às vezes frágeis - respostas.
Por isso, o que nascer e crescer em nós e a partir de nós revigorará muito mais
a caminhada de fé que nosso próprio discurso.
Os enigmas da humanidade permanecerão
arando solos. Assim foi, e seria bom que assim pudesse sempre ser. Ainda que
seja revelado ou profetizado em
parte, seremos sempre como meninos
diante da plenitude do que é perfeito, e ainda desconhecido. Face a face deve ter sido antes
do útero, e deverá ser depois da morte. No corpo, só vaidades e aflições de
espírito, como diz a poesia bíblica.
"O sábio fala porque tem alguma coisa a dizer, o tolo, porque tem que dizer alguma coisa" (Platão)
Espero ter dito alguma coisa que faça sentido! :)
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