terça-feira, agosto 26, 2014

O Propósito da vida tem um solo fértil...

Hoje, assisti dois filmes, com enfoques diferentes, mas dentro de uma mesma temática:  vida, sofrimento, morte, fé  e eternidade.  
Não classificaria nenhum dos dois com cinco estrelas, mas serviu para, no meu tempo livre, refletir sobre esta inevitável “agonia” de todos nós. Quanto mais ”madura” fico, mais dedico tempo para reflexões do gênero. Fato. Mas também percebo que fico mais flexível. Isso deve ser bom...

Ateus, agnósticos, beatos, consolados, esclarecidos, enfim, ninguém pode afirmar-se  100% dono da verdade (tudo bem que alguns estão quilômetros de distância da razoabilidade de uma, mas não vem ao caso.) Aqui, não me refiro a fé pura, simples e profunda,  que eu projeto inclusive (e principalmente) nas minhas dúvidas, e que me traz paz que excede o entendimento restrito humano. Refiro-me a tudo que a temática religiosa envolve.

Resistir ao desconhecido, numa vã tentativa de negá-lo,  ou  rotular-se como dono de todas as respostas,  da revelação sobre todos os mistérios e toda ciência,  mostrando-se sábio aos nossos próprios olhos, faz de nós solos  compactados, sem porosidade, que só servem  para ser cimentado.
O reconhecimento ou constatação de nossa  insignificante proporção diante da grandeza da vida não nos impede de grandes feitos, pelo contrário, nos deixa leves, como um solo arado, exposto aos raios do sol, sensíveis aos nutrientes , e férteis para a semeadura. Não deveria haver terra árida ao nosso redor, se fizéssemos jus ao propósito da vida.

Os grandes filósofos que tanto questionaram a existência  serviram mais de adubo para a humanidade e para sua transcendência que qualquer radical desnutrido -  quer se auto proclamassem do lado de Deus (do bem) ou de qualquer outro lado.

As grandes questões sobre a vida  perderam algumas bandeiras e mitos, mas na verdade ainda não findaram, e nem mudaram o seu foco.  O posicionamento do homem  diante delas talvez.  Sempre teremos grandes perguntas, e pequenas -  às vezes frágeis  -  respostas.  Por isso, o que nascer e crescer  em nós e a partir de nós revigorará muito mais a caminhada de fé  que nosso próprio discurso.  

Os enigmas da humanidade permanecerão arando solos. Assim foi, e seria bom que assim pudesse sempre ser. Ainda que seja  revelado ou profetizado em parte,  seremos sempre como meninos diante da plenitude do que é perfeito, e ainda desconhecido. Face a face deve ter sido antes do útero, e deverá ser depois da morte. No corpo, só vaidades e aflições de espírito, como diz a poesia bíblica.

Mesmo existindo uma verdade absoluta,  o caminho que leva a ela não deve ser radical, deve ser um caminho de solo sempre arado. Sair proclamando ou repetindo "verdades" que nem eu mesmo entendo ou pratico não é semear, é tolice. 
"O sábio fala porque tem alguma coisa a dizer, o tolo, porque tem que dizer alguma coisa" (Platão)

Espero ter dito alguma coisa que faça sentido! :)


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