“O que me preocupa não é o grito
dos maus, mas o silêncio dos bons” (Martin Luther King)
Em minha opinião, nem precisa ser
tão bom; a menor fagulha de discernimento e leveza é bem vinda em meio a tanto
grito insano. Porque os que têm gritado também não são necessariamente maus; é
gente conivente, gente que se deixa levar pela cor dos olhos, pelos textos
decorados... Infelizmente, conscientes
ou não, essa gente grita junto com o mal, acreditando sincera e ignorantemente
em seus mantras. Sinceramente eu não subestimo essa ignorância não, muito pelo
contrário, isso chega me dar arrepios, só por lembrar de momentos assustadores
na história que foram fruto desta mesma insanidade.
É tão triste perceber quão
patéticos somos.
“Não há um justo, nenhum sequer”
(diz a Bíblia que tantos resolveram ressuscitar para seu bel prazer). Sim, não
há mesmo. Dentro desta premissa, obviamente, não seria razoável colocar a mão
no fogo por ninguém, nenhum representante, por melhor que seja, conseguirá
soprar sobre seu governo o pozinho mágico do bem. Mas o bem se constrói todos
os dias, começando por mim, por você, por todos nós. Então, o bem está a um
passo de cada um de nós, logo, o bem não é uma questão política isolada. Bom,
mas isso é outra história. O que eu
quero dizer é que, embora tenha minha opinião formada a respeito do que hoje
acontece em nosso país e no mundo, não tenho a pretensão de bancar de advogada
desse ou daquele. Tenho procurado lidar de modo mais leve com as motivações que
levaram tantos “bons” a se posicionarem politicamente diferente de mim, por
isso, não vou – aqui - argumentar em cima
das suas perdas financeiras, da violência de que muitos foram vítimas, nem vou
ficar perplexa por atribuírem tudo isso
exclusivamente a uma cor específica de bandeira (oxalá fosse simples assim!). Bom, eu quase
compreendo essa nossa (antiga) tendência de crucificar alguém e sentir-se
redimido, apostando na segurança do que não nos desafia, mas nos acomoda.
Vou arrazoar e entender que nem todos tiveram
(ou têm) esta leitura da situação, e que fatalmente devem ter tido inúmeras
razões (ou preconceitos velados), que encheram seu coração de revolta e ódio, e
os levaram a uma escolha “nova”. Ok.
Partindo do pressuposto de que eu
estou de boa com tudo isso, sigo considerando:
Nós, seres humanos, mortais, sem
bola de cristal, só temos mesmo as evidências para direcionar nossas escolhas, e
ainda assim, erraremos. É fato. Bom, mas já que temos evidências, vou propor
que as usemos para compor nossa reflexão. Em tempo: evidência, neste nosso
assunto, não é só roubalheira de políticos, queda da bolsa, violência e
pobreza; sim, isto também é um fator relevante, um diferencial. Mas gostaria de
lembrar aos “bons” e silenciosos, sobre algumas evidências que mexem com quem
somos, falam do que fomos feitos, e
porque nossos dias de vida nos têm sido misericordiosamente acrescentados – e
isto não deve ser com o propósito de ficarmos ricos, famosos e morarmos numa
bolha. Ou para vocês é este o sentido?
Aproveitando as evidências e
trazendo o à tona um dos famosos mantras – “Deus acima de Tudo”... Jesus foi claro em
sua jornada terrena, em todas suas palavras e ações a respeito deste propósito,
e deixou sua vida como exemplo a ser seguido. Vejamos as evidências: Ele não
desprezou o corrupto cobrador de impostos em cima de uma árvore, mas também não
desprezou a prostituta, nem samaritanos, nem mulheres (aliás, ele as
valorizou). Jesus gostava de filosofia, de pensar e levar o povo a pensar,
justamente para que entendessem o propósito e não repetissem padrões insanos.
Estas são evidências que transcendem o status quo, que renovam o entendimento,
sem desprezar a história, porque Jesus também não desprezou a história, muito
pelo contrário, mas ELE a usou para ensinar quão importante era entender e não
engessar o conhecimento. Jesus chocou multidões quebrando paradigmas e
desafiando seus seguidores ao entendimento e não repetição da lei. Então, eu
penso assim: Qualquer que fale em nome de DEUS e reverbere frases para parecer
que O coloca acima de tudo, mas não imita Jesus, esta evidência me chama muito
a atenção. Porque , para os cristãos, Jesus é a exata expressão de Deus.
Aliás, o Cristianismo é uma
filosofia! É o jeito do Cristo pensar.
Mas a fé é uma história à parte
desta insanidade. Porque foi para TODOS, absolutamente TODOS que o Evangelho
foi apresentado, e o cristianismo do modo como o concebemos é uma das suas
versões. Afinal, nossa distância do que ainda há de nos ser revelado é absurda
o suficiente para não gritarmos certezas, apenas agirmos no movimento do Deus
que habita em nós, porque acima de tudo ELE é, por essência, e não por jargão.
Encerro este desabafo querendo
muito acreditar que os bons não ficarão pra sempre em silêncio, e os mais ou
menos bons também não. Porque errar é humano, mas permanecer no erro... Bom,
vocês sabem...É burrice.
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