Ando meio irritada ultimamente
com campanhas que têm surgido nas redes sociais contra a Rede Globo. Fala
sério, pessoal! Isso é atitude digna do Bispo Macedo! E, convenhamos, ele não é
exatamente alguém inspirador, é? Não digam! Talvez eu prefira nem saber.
Bem...
Os meios de comunicação estão aí,
há muito tempo, cumprindo o seu papel. Às vezes, aquém da expectativa, por outras vezes, surpreendendo
positivamente, e por outras, decepcionando os mais cultos e apurados em seu
gosto e opinião. Neste grupo, pretensiosamente,
me incluo, relacionado, por exemplo, ao BBB.
Acho que manifestar-se é sempre
bom. Não só com palavras, cartazes, mas também com atitudes coerentes com
nossos pensamentos e ideais. Mas desagrados não podem dizer respeito única e exclusivamente
à Rede Globo! De modo geral, as emissoras, e a televisão como um todo, têm
oferecido em sua grade de programação, pelo menos algumas opções lamentáveis.
Vale registrar o “descontentamento”, como vale ainda mais “não assistir”.
Perder audiência fala mais alto que um blá-blá-blá de ilustres desconhecidos...
Uma coisa é você se manifestar educativamente
sobre um assunto ou programa, outra
coisa é ficar conclamando segmentos e
grupos para boicotes, como se estivéssemos falando de discriminação ou posições partidárias! Desculpe, mas não é exclusividade da Rede Globo a
pornografia, ou qualquer outra coisa passível de agredir "o" e "a" moral de tão “nobre”
população!
Cristianismo, para mim, não é um
partido político. Sou cristã evangélica de berço, e hoje sou cristã por
convicção pessoal e, numa tentativa de esforço diário, esta tem sido minha filosofia
de vida. Perdoem-me, mas essa guerrinha medíocre de alguns grupos que se
identificam como “evangélicos” contra a Rede Globo é pura falta de discernimento.
Na hora de aparecer por lá, “é
nós na fita”, mas, se já não “dançam conforme a minha música”, já era? Ora,
ora...
Ser “sal da terra” não é exibir-se
em palcos ecléticos, pegar a onda da “liberdade de expressão”, cantar músicas
com texto “gospel” para as multidões e levantar a galera . É muito mais do que
isso. Essa popularidade pode até entrar
no pacote, mas, decididamente, banaliza o conceito de Gospel.
Abrindo parêntesis: Tudo bem que, na minha humilde e
conservadora opinião, o sacro deve ter o seu espaço, sua liturgia, seu
envolvimento, seu clima propício. Acho lindo quando o “divino” é invocado num
ambiente de comunhão. O que eu quero dizer é que, embora não exista lugar para
Deus falar com a gente, eu gosto de ter um lugar ambientado para a comunhão
daqueles que estão querendo falar com Deus... Não sei se fui clara. Enfim...
Seja como for, acho maravilhoso
quando você usa o seu dom, seu potencial, aquilo que mais esmeradamente você
sabe fazer, e por meio disso, acaba
abençoando os outros (Se for cantar para as multidões e aparecer na Globo, que
seja!) Mas isso não tem a ver com “estar na mídia”. Se você for um bom médico,
uma professora dedicada, um excelente ator,
um advogado justo, ou um cantor na noite com música de qualidade e boa postura,
em todas estas situações, você terá a chance de abençoar e “salgar” a terra.
Cristão é um ser humano comum, sujeito a coisas comuns, mas
que se esforça, seja no que for, para fazer diferença - não “na fita”, mas na
vida.
Se você quer mesmo saber, eu acho
muito legal o posicionamento da Rede Globo quanto à “liberdade de expressão”.
Acho que esta porta abre espaço pra muita coisa interessante, como também acaba
gerando desconfortos e dando a mesma
oportunidade a belas porcarias. Faz parte. É a tal liberdade. Sempre cheia de
armadilhas. Mas acho que cristãos, judeus, seja quem for, uma vez parte da
proposta, devem dela usufruir, e fazê-lo
com o seu melhor., além de contar com as
inevitáveis consequências. O nome disso é maturidade, e também pode ser chamado de discernimento na
tomada de decisão.
“Tudo
quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na
sepultura para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem
sabedoria alguma” (Livro do Eclesiastes cap 9 v.10).
Seja qual for o motivo, eu sugiro
que desliguemos a TV e nos dediquemos à leitura de um bom livro, ou um bom
bate-papo com a família. O impacto final disso em nós será inestimável se comparado a qualquer conclamação coletiva de boicotes radicais.
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