Grandes tragédias que marcaram a
humanidade foram fruto da ignorância de muitos a serviço do negacionismo de alguns.
O negacionista é aquele que tem uma imagem distorcida de si, da sua história e
de seus porões, e que projeta essa deformidade em tudo que faz. Se visitarmos
os porões e baús empoeirados da história, vamos identificar condutas, omissões
e barbáries tão familiares quanto um espelho. Para o negacionista, o que o espelho
reflete não é a realidade.
Baús abertos aguçam memórias esquecidas, proporcionam novas interpretações,
revitalizam nossa consciência, e remodelam nosso entendimento.
Conhecer nossas raízes como indivíduo,
como povo, e como espécie é antídoto para desastres iminentes, e aprendizado
para gerações futuras. Na educação, nas
Artes, nas ciências, e nos diálogos, existem portais capazes de nos levar ao
encontro de nós mesmos. São espelhos para quem busca autoconhecimento e
evolução. Por isso, para um déspota reinar, é imprescindível que o povo seja
refém de seu formalismo distorcido, e não tenha conhecimento histórico, nem noção
das possibilidades de um horizonte; ou seja, um povo sem educação é um prato
cheio para ser devorado, sem piedade.
Os rastros dos acontecimentos
históricos marcaram o passado, mas nossos passos seguem avante, pisando outros
caminhos; então, quanto mais tivermos real noção dos erros cometidos, contados
a partir de experiências legítimas, sem
saudosismo tolo, ou negacionismo intencional, mais habilitados estaremos para escrever
uma nova história, evitar passos arriscados, passando o bastão para que o
futuro assimile e prospere, com o devido discernimento e consciência renovada.
Autoconhecimento e empatia – a
versão revisada do maior dos mandamentos: amar ao próximo como a si mesmo. Esta
é a chave que abre as janelas democráticas do tempo; e olhar passado, presente
e futuro com essa prerrogativa é mágico e transformador, porque ela nos coloca
na perspectiva do outro, e valores como paz, justiça, respeito, deixam de morar na propriedade do domínio da
nossa conveniência, para se tornar um direito natural como a chuva, o sol, o
vento, e o horizonte, este, sendo diverso, convida, encoraja, mas não se
define, se renova, a partir do próximo ponto de visa, de um novo
posicionamento, de uma nova condição, de um novo sentido.
Negar realidades, seja em que momento for, é interromper a cadeia de renovação
da vida, seja por ordem natural, sobrenatural, ou mediada por uma ciência (no
sentido de saberes). Um negacionista é um agente de morte, em suas mais
variadas concepções, pois todas se opõem
à vida.
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